domingo, 23 de agosto de 2020

NA MIRA! Empresa investigada faturou mais de R$ 20 milhões em Zé Doca.


Um dos alvos da Operação Cabanos, deflagrada na última quarta-feira (19) pelo Gaeco e Polícia Civil, é a empresa Almeida e Lima LTDA, de propriedade do empresário Igor Lima Castelo Branco Almeida. As investigações apontaram irregularidades na celebração de acordos entre a empresa e vários municípios maranhenses, que beiram os R$ 33 milhões.

A parceria mais forte da empresa é com a Prefeitura de Zé Doca, comandada por Josinha Cunha, irmã do deputado federal Josimar do Maranhãozinho. Na página do Portal da Transparência da Prefeitura de Zé Doca é possível verificar 12 contratos celebrados entre o município e a Almeida Lima, que ultrapassam os R$ 20 milhões.

O mais recente foi acordado no dia 13 de julho de 2020, no valor de R$ 851.997,04 para obra de sistema de abastecimento de água com a construção de quatro poços. O tratado foi assinado pela secretária Municipal de Saúde, Samara Rodrigues Oliveira, e publicado no dia 17 de julho no Diário Oficial do Maranhão.

Um contrato que chama atenção é o de nº 010/2019 no valor de R$ 4.751.172,61 para reforma e ampliação do Mercado Público Municipal. O acordo foi assinado pela prefeita no dia 7 de fevereiro de 2020, e publicado no dia 16 de março de 2020 no Diário Oficial.



Justiça nega mais um recurso e prefeita de Monção corre o risco de ser afastada do cargo.


Por unanimidade, a 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Maranhão, em julgamento nesta quinta-feira (20), negou provimento ao recurso interposto em agravo de instrumento pela prefeita de Monção, Klautenis Nussrala, mais conhecida como Cláudia Silva (PSDB), na ação que determinou a suspensão do cronograma de pagamentos de diversos contratos irregulares daquela Prefeitura, bem como estabeleceu a indisponibilidade dos bens da gestora municipal no valor de R$ 3.974.516,28.

Em resumo, está mantida a decisão que impede a prefeita de continuar realizando pagamentos em contratos relativos a reforma de escolas, utilizando recursos do Fundeb, por conta de diversas irregularidades nos processos licitatórios que culminaram com as contratações das empresas denunciadas. Com isso, a prefeita teve mais uma derrota no processo que pode determinar o seu afastamento do cargo. Um dos problemas que acabaram por deixar a gestora de Monção nessa demanda judicial foi a negociação fraudulenta mantido com a empresa A de M Araújo, que possui com a prefeitura de Monção, o Contrato nº 226/2019. O referido contrato teve seus pagamentos suspensos por decisão judicial, mas Cláudia Silva simplesmente desrespeitou a decisão da Justiça, realizando pagamentos e ainda turbinou os seus valores, através

A situação da prefeita é extremamente delicada e há quem diga que ela deverá ser afastada dentro de pouco tempo. No mês de abril, o desembargador Jorge Rachid Maluf deferiu a liminar que bloqueou os bens da prefeita Cláudia Silva, numa decisão que também alcançou a secretária de Educação, Célia Costa dos Santos.

Elas continuam sendo investigadas pela Polícia Federal, sob suspeita de usar “alunos fantasmas” para inchar os dados do censo escolar e conseguir mais recursos do Fundeb. No despacho, o magistrado destacou que os documentos que instruem o processo são “fartos” e comprovam processos licitatórios irregulares para uso da verba federal. Ele também determinou a suspensão do cronograma de pagamento de todos os contratos com suspeitas de irregularidades.

“Os fartos documentos que instruem a inicial, onde se destaca a contratação de empresas através de processos de licitação irregulares desde o ano de 2017, a inserção do nome de pessoas no censo escolar, bem como a não execução de obras licitadas, são questões graves que evidenciam grande probabilidade da ocorrência de desvio de dinheiro público, evidenciando assim o risco da demora, em decorrência da possibilidade de manutenção de eventuais pagamentos indevidos pela administração municipal. Logo, é indispensável a suspensão do cronograma de pagamentos dos contratos mencionados na inicial da ação, de modo a impedir mais danos ao erário, cessando novos repasses até que o feito esteja mais bem instruído”, destacou o magistrado em seu despacho de abril.

De lá para cá, Cláudia Silva vem interpondo recursos e mais recursos, todos negados pela Justiça. Daí a possibilidade do Judiciário do Maranhão decidir pelo seu afastamento dentro de pouco tempo, de acordo com especialista em Direito Administrativo.


Entenda o que você perde com a nova loteria que Bolsonaro deu à iniciativa privada.

 

Decreto do governo inclui a loteria esportiva no Programa Nacional de Desestatização (PND). Isto significa o jogo será gerido por empresários e não terá mais recursos destinados a programas sociais


Em mais uma investida contra os programas públicos sociais e as estatais, Jair Bolsonaro (ex-PSL) assinou nesta quarta-feira (19) um decreto que abre caminho para o controle da loteria esportiva, hoje um serviço público exclusivo da União, para as mãos da iniciativa privada.

 

A lógica de Bolsonaro e seu ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes, é perversa. Ao incluir a loteria denominada de “Apostas de Quota Fixa”, mais conhecida como loteria esportiva, no Programa Nacional de Desestatização (PND), o governo libera a iniciativa privada para gerir esse jogo de apostas de modalidades esportivas, que pode ser de jogos de futebol, vôlei, basquete etc, com uma premiação maior do que a oferecida pela Caixa Econômica Federal (CEF).

 

“Se um jogo oferece uma premiação maior, lógico que vai atrair mais apostadores e ao longo do tempo vai minguar a fonte de arrecadação das loterias Caixa, afetando apostas da Megassena, Lotofácil, quina e outras. O mais provável é que a CEF tenha uma queda de participação de mercado entre 80% e 90%. As Loterias Caixa morrerão por inanição”, denuncia o diretor da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) Jair Pedro Ferreira.

 

O maior problema, segundo o dirigente,  é que enquanto um ou mais “sortudos” vão ganhar mais, o restante da população brasileira, que depende de projetos sociais, perderá e muito. Hoje, o apostador de loterias Caixa fica com 43% do valor arrecadado e o restante vai para programas sociais. O novo jogo da iniciativa privada prevê que o apostador fique com de 79% a 80% do total arrecadado.

 

 

MODALIDADE

% do faturamento da loteria destinado a pagamento de prêmios (payout)

% do faturamento da loteria destinado a programas sociais

Loterias CAIXA*

43,0

37,1

LOTEX

65,0

16,7

Loteria Quota Fixa (meio físico)

80,0

6,0

Loteria Quota Fixa (meio virtual)

89,0

3,0


Com isso, os brasileiros vão perder 37% de recursos destinados à educação, saneamento, cultura, seguridade social, entre outras áreas. É a chamada verba carimbada, que as loterias da Caixa são obrigadas a enviar a programas sociais. Já a previsão de repasses da loteria privada é de 3% a 6%. Uma diferença a menor de mais de 30%.

Descontados os prêmios, os impostos e o custo operacional e de distribuição das loterias, a Caixa apropria cerca de 3% do faturamento em seu resultado líquido, o que representou aproximadamente R$ 0,5 bilhão em 2019.

 

O volume de dinheiro que será perdido é imenso. Segundo a Fenae,  no ano passado foram arrecadados R$ 16,7 bilhões, dos quais R$ 6,2 bilhões foram transferidos para os programas sociais do governo federal. Somente a mega da Virada de 2019 registrou sua maior arrecadação na história, mais de R$ 1 bilhão, exatos: R$ 1.028.882.101,50. Numa conta simples, o país perderia em apenas um jogo da mega da virada R$ 370 milhões.

 

O diretor da Fenae estima que haja um mercado ainda maior de jogos que chegue a R$ 20 bilhões ao ano, sendo R$ 16 bi legais das loterias Caixa e mais R$ 4 bi de jogos clandestinos como jogo do bicho, apostas em cavalos e cassinos.

 

“O valor estimado de R$ 20 bilhões ao ano não vai mudar, mas é muito dinheiro que vai para as mãos da iniciativa privada com uma contrapartida social baixíssima. Bolsonaro também liberou premiação em dinheiro pela TV. Uma emissora pode oferecer R$ 3 mil de prêmio e arrecadar R$ 300 mil, em apenas uma tarde nesses programas de premiação que estavam proibidos”, acredita Ferreira.

 

O decreto de Bolsonaro

 

O decreto nº 10.467, de 18 de agosto de 2020, publicado no Diário Oficial desta quarta-feira (19), basicamente inclui o serviço público de loteria denominado “Apostas de Quota Fixa” no Programa Nacional de Desestatização – PND, e determina que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) liderará o processo de desestatização dessa nova modalidade de loteria, que foi criada na Lei 13.756, de 12 de dezembro de 2018.

 

A lei de 2018 instituiu no país a modalidade lotérica em que o apostador tenta prever o resultado de eventos reais esportivos e determinou que as apostas sejam realizadas em ambiente concorrencial, com a possibilidade de delegação do serviço à iniciativa privada.