História do Futebol Maranhense - Parte 4 - Pindaré News

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quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

História do Futebol Maranhense - Parte 4


O Novo Fabril AC agora chamado de Foot-Ball Athletic Club

Em virtude do movimento estudantil, em 1915, os remanescentes do Fabril Athletic Club retornaram às atividades esportivas, pois no dia 05 de outubro de 1915, num prédio da rua Grande, n. 220, reuniram-se “... os incorporadores de uma nova sociedade esportiva em vias de organização, sob os mesmos moldes do extinto Fabril Athletic Clube. Presidindo a sessão o sr. Joaquim M. Alves dos Santos, secretariado pelos srs. S. Bello e J. F. Belchior. Ficou deliberado que a nova sociedade se denominará Foot-Ball Athletic Club, sendo nomeada uma comissão para elaborar os seus estatutos. Instalar-se-á logo a sociedade, cuja inauguração final se marcará para breve. A sede social será na mesma propriedade em que funcionou o antigo Club Fabril Athletic”.(“O Jornal”, 04 de outubro de 1915).

As eleições do novo F. A. Club - agora, Foot-ball Athletic Club - reconduziram Joaquim Moreira Alves dos Santos - Nhozinho - à presidência do clube da Fabril, com Saturnino Bello como primeiro secretário e Humberto Fonseca, como segundo secretário.

Gentil Silva

Martins (1989) afirma que Gentil Silva esteve a um pé do novo FAC:
“Contudo, aconteceu que, para ele, o futebol deveria ser altamente popularizado, no que não estavam de acordo os associados, na sua grande maioria, embora não discordando de um dos pontos definidos: a necessidade de pugnar pelo aperfeiçoamento físico.

Não concordavam em abrir os portões para receber o grande público com pagamento de ingressos, porque o propósito do novo FAC era não vulgarizar a prática desportiva.(p. 331).

Aqueles que tinham o mesmo pensamento de Gentil deixaram o clube da Rua Grande e o Guarani tinha se esfacelado. Não foi abandonada a idéia de popularizar o futebol.

O grupo dissidente reativou o “Onze Maranhense”, com sede no Parque 15 de Novembro (avenida beira Mar), nas proximidades do Beco do Silva, em São Luis. O campo foi construído numa área livre - no Baluarte - “longe das vistas do grande mundo de curiosos e aficcionados”, informa Martins (1989).

O terreno não era cercado e reclamava muito trabalho de nivelamento e outras medidas, tendo sido tudo feito com muito sacrifício, pois o terreno era pantanoso, necessitando-se de algumas carradas de entulho, cedidas pelo intendente de São Luís, tenente-coronel Luso Torres. Nivelado o terreno, foi feita a gramagem e tudo ficou como ambicionavam. E “... nas tardes domingueiras, o povo estava reunido.

Famílias da vizinhança e outros amantes do esporte, vindos de longe, postavam-se para ver o jogo. Jogavam Brasil F. Clube, Vasco da Fama E. Clube, Santiago Esporte Clube e Fênix F. Clube. O sonho de Gentil Silva tornou-se realidade.”(Martins, 1989, p. 331).

Para esse autor, “foi, sem qualquer sombra de dúvida, Gentil Silva o responsável pela popularização do futebol em terra maranhense, no momento que, deixando as hostes do FAC, achou oportuno desenvolver a prática do apreciado esporte aos olhos do povo, num campo que, de princípio não possuía cercas”. (Martins, 1989, p. 332).

A consolidação do futebol

1917 - Nesse período, o esporte no Maranhão se consolida. Além do surgimento de várias outras associações esportivas e de clubes de futebol, inicia-se o intercâmbio com os dois Estados vizinhos, com a visita do Clube do Remo, no início do ano, e de um torneio envolvendo o Paysandu, do Pará, e o Internacional, da cidade de Parnaíba-Piauí, no final do ano.

Começam as “importações” de jogadores. Sem dúvidas, o fato mais importante para a consolidação do Foot-ball Association no Maranhão - e de outras modalidades esportivas -, foi o surgimento da Liga Maranhense de Foot-Ball, nos meados do ano.

O leitor de pseudônimo de “Texas”, escreve ao jornal “O Estado”, relatando o acontecido, ao mesmo tempo em que fazia um breve histórico da implantação do futebol em São Luís:
“Há um punhado de anos, que já ia longe”, ouvia falar de esportes no Maranhão, especialmente do foot-ball, “chegando mesmo a crer que ele existisse a esse tempo, mas” ... Afirma “Texas” que, se ele - futebol - existisse, era atacado por uma grande debilidade que o impossibilitava de progredir. Projetavam-se alguns matchs entre teams dos dois clubes existentes, mas por um motivo ou outro, não assumia o jogo as excelentes projeções que criavam.

“Texas” condenava os despeitados que diziam, boca a boca, que “... o futebol era um jogo bruto e que não merecia ser cultivado com tamanho afinco, por uma quantidade regular de moços patrícios”.

Viam um jogo bruto porque uma pequena parcela de rapazes metiam-se a executa-lo sem método algum, cometendo as maiores extravagâncias e daí sofrendo as conseqüências desagradáveis.

Mas, por que isso? perguntava-se. Os únicos culpados era esses mesmos rapazes, que se entregavam ao esporte sem uma regra sequer que os guiasse. “Passada essa temporada de desânimo, surgiu entre nós, com grandes surpresas, assentado em bases sólidas um excelente clube esportivo”, que, transpondo todas as barreiras que haviam sido edificadas para embaraçar os passos do foot-ball começou logo “arrebanhar para o seu sítio uma porção de rapazes dispostos a trocar e a desenvolver o sensacional jogo”. “D’hai existir a temporada sportiva maranhense, cujo pavilhão foi valentemente desfraldada pelo F. A. Club, que ainda vive, são e forte”..

Com os maranhenses começando a compreender o verdadeiro desenvolvimento “não só o intelecto, mas também o físico, através da prática do esporte”, o futebol começa a servir como o elemento aglutinador da juventude. Os clubes começam a surgir, tornandose cada vez mais chic e atraindo a atenção das senhoritas. O football deixava de ser uma coisa bruta. O Maranhão contava já com nove clubes constituídos oficialmente. “Mas faltava ainda uma medida alta que merecia ser posta em prática, com urgência, para que o desenvolvimento do jogo bretão, aqui, fosse mais além. E essa medida não se fez por esperar muito. Não se fez esperar muito, afirmam, porque ahí a temos, unificando, num grande abraço maternal, todos os clubes locais que lhe são filiados, a Liga Maranhense de Foot-Ball”. (“O Estado”, 16 de abril de 1917).

Neste sentido específico certos esportes apareceram como elemento de diferenciação do estilo de vida. A prática esportiva tornava-se um indicativo de pertencimento social, tendo em vista que a prática de certas modalidades (tênis, crickt, crockt, remo) estava condicionada, no Maranhão, à participação em associações esportivas (os clubs), enquanto outras (futebol) vinham alcançando uma maior difusão social, irradiando-se por todos os lados.

Os primeiros jogos interestaduais

Muito embora Dejard Martins se refira a um primeiro Torneio Maranhão-Piauí-Pará de Futebol, com as participações do Internacional Futebol Clube (Piauí) e do Paysandu Sport Club (Pará) - patrocinado pelo Foot-ball Athletic Club - o que houve foram jogos distintos, entre Paysandu e FAC, primeiro, depois Internacional x Paysandu, e depois Internacional x FAC, pois a delegação do Piauí não chegou a tempo para o início das competições (“O Estado”, 11 de dezembro de 1917).

O Internacional jogou duas vezes contra o Paysandu, perdendo ambas as partidas por 15 x 0 e 9 x 0. Já contra o FAC, o resultado foi FAC 8 x 2 Internacional; a segunda partida, Internacional 4 x 1 FAC. Os jogos entre FAC e Paysandu terminaram, FAC 0 x 7 Paysandu, o primeiro. Havendo empate em 2 x 2 no segundo. Em 11 de dezembro, o Internacional ainda estava sendo esperado.



Autor: Leopoldo Gil Dulcio Vaz - professor de educaçao fisica, pesquisador-associado do Atlas do Esporte e socio do IHGM.
Fonte: DA COSTA, Lamartine (Org.) - Atlas do Esporte no Brasil (RJ) - CONFEF, 2006.
Página adicionada no Campeões do Futebol em 23 de julho de 2011

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